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Executivos no Tatame

Por Everardo Norões

Artigo publicado na Gazeta Mercantil em 19 de janeiro de 2000 - Nº 448


A era dos executivos extremamente competitivos, ousados, individualistas e autoritários parece ter chegado ao fim. Pelo menos, é esta a conclusão de conhecidos consultores, após terem estudado histórias de fracassos de muitas empresas, cujo caso emblemático é o do Baring Banks.

Os "caçadores de cérebros" buscam atualmente não apenas executivos. Caçam um novo tipo de líder: culto, versátil, criativo, adaptado ao trabalho em equipe. Sua formação não deve limitá-lo a gerir resultados. Enfrenta conflitos com serenidade e eficácia; é capaz de transformar pontos fracos em resultados positivos para sua organização, e potenciais adversários em parceiros. Ele não é visto como simples gerente. Seu padrão de comportamento ético, segurança e flexibilidade intelectual o deixam bem longe de qualquer comportamento burocrático.

A tarefa para os "caçadores de cérebros" não é fácil. Há um fosso crescente entre a necessidade de lideranças e a incapacidade dos sistemas de ensino e das empresas em formarem esse tipo de gente. Com uma agravante: os que atualmente desembocam no mundo do trabalho fazem parte da "geração ansiosa". São jovens que se deparam com um mercado especializado e restrito, em permanente reestruturação. E nem sempre possuem os instrumentos de análise para avaliarem as mudanças de forma dialética.

Em lugar da utopia lhes resta a angústia. Fazem parte da primeira geração que, a exemplo do ocorre nos Estados Unidos, certamente será mais pobre do que a de seus pais.

Os antídotos comumente buscados para neutralizar agressividades e frustrações (como práticas de esportes "radicais" ou o uso de bebidas alcóolicas e estimulantes, etc.) acabam potencializando aspectos negativos da personalidade dos que deles fazem uso. Por isso, a procura de padrões de comportamento para o futuro tem levado alguns consultores a avaliar técnicas capazes de permitir aos dirigentes de empresas enfrentarem as dificuldades da competitividade extrema e, ao mesmo tempo, preservarem sua saúde física e mental.

Alguns desses especialistas acabaram por vislumbrar o Aikido, arte marcial japonesa de raíz milenar, como um caminho possível para o aperfeiçoamento de novas lideranças e de novos profissionais.

A Gazeta Mercantil já havia chamado a atenção, meses atrás, para a prática dessa arte marcial em grandes empresas do Japão. Ali, homens de negócios famosos dedicam parte de seu tempo ao treinamento do Aikido, aprendendo a melhor utilizar o ki, nome japonês para algo que pode ser traduzido como sopro ou energia vital. É assim que recarregam suas baterias para as batalhas nas grandes corporações.

Dois livros interessantes foram publicados sobre a matéria: Mastery, The Keys to Sucess and Long-term Fulfillmentde, de George Leonard (Duton, N. Y., já traduzido no Brasil) e Leadership Aikido, de John O'Neill ( Harmony Books, N. Y.). Os autores, conhecidos consultores e praticantes de Aikido, observaram mudanças de comportamento e as repercussões na vida profissional trazidas pela prática dessa arte. E concluem que no Aikido pode ser buscado padrões de comportamento adequados às lideranças do novo milênio.

O Aikido, apesar de ser uma arte marcial, não busca a competição. Sua finalidade é harmonizar o homem com o Universo. Nos treinamentos intensivos, o praticante aprende a lutar contra si mesmo, a conhecer suas potencialidades físicas e mentais, a adaptar-se aos seus parceiros, a cair e a levantar-se, a imobilizar e a projetar o outro sem feri-lo. O dojo, local de prática do Aikido, é um pequeno mundo. Espécie de microcosmo onde o aluno é levado a abandonar seu ego, suas frustrações. A disciplina e uma longa prática acabam por trazer resultados surpreendentes para sua saúde, seu comportamento, seu desempenho pessoal e profissional.

Em Pernambuco, a prática dessa arte ainda é privilégio de poucas pessoas. Mas, já foram feitas experiências de treinamento, com resultados positivos, junto à Secretaria de Administração do Estado, jovens das brigadas da LAR - Legião Assistencial do Recife (Prefeitura do Recife) e deficiente cegos. E alguns executivos mais esclarecidos já observaram que o Aikido pode ser importante para o desenvolvimento harmônico de suas empresas. Afinal, movendo uma pedra é possível descobrir uma estrela.
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